Foi hoje publicada a Portaria n.º 159/2020 de 26 de junho que regulamenta os termos de emissão do Cartão do Adepto, a entrar em vigor na próxima época (seja lá isso quando for, e sem saber à partida, se finalmente podemos entrar num estádio…)

Em primeira mão, informamos a quem se destina, e como obter. Em último a nossa honesta opinião sobre o diploma.

1) O Cartão não tem como destinatários específicos os membros dos grupos organizados de adeptos em concreto – Tem sim, como destinatário TODO E QUALQUER ADEPTO que queira ver um jogo numa “Zona com condições especiais de acesso e permanência de adeptos”, abreviadamente ZCEAP.

2) Estas ZCEAP serão as zonas, onde de forma exclusiva se pode fazer uso de tambores, megafones, coreografias e faixas/bandeiras de dimensões superiores a 1×1.

3) As ZCEAP existem obrigatoriamente nas competições desportivas de natureza profissional ou de natureza não profissional considerados de risco elevado e haverá, no mínimo, uma para ADEPTOS VISITANTES e outra para ADEPTOS DA CASA.

4) O cartão é emitido pela APCVD e terá um custo a suportar pelo adepto requerente (ainda por definir) e é emitido Imprensa Nacional-Casa da Moeda. Pode ser obtido através do portal ePortugal.

Da nossa parte, VOLTAMOS a afirmar que:

A criação do cartão do adepto é uma práctica falhada em toda a Europa desde há cerca de 10 anos a esta parte.

A criação do cartão do adepto EM NADA PREVINE a violência no desporto – ainda está para vir quem nos explica onde é que a introdução deste sistema previne qualquer tipo de violência.

A criação do adepto é mais uma medida discriminatória aplicada aqueles que, a suas expensas (pesadas) insistem em fazer alimentar aquilo que hoje, todos reconhecem que gostam de ver, sentados nos seus confortáveis sofás.

O Cartão do adepto apenas promove segregação entre adeptos – medida que em NADA favorece o espírito de que tanto falam mas que nunca fazem nada por implementar.

O Cartão do adepto é mais uma medida que rotula os adeptos de potenciais criminosos.

A existência de adeptos portadores de Cartão (e outros sem…) promove uma estigmatização dos adeptos das tais zonas, que serão vistos como “adeptos à parte” ou “potencialmente perigosos”, não contribuindo para a inclusão e espírito colectivo que é um dos pilares deste desporto.

O cartão do adepto só vai conduzir a uma redução drástica do número de adeptos nos estádios, correndo o risco ainda de transformar um jogo de futebol num espectáculo fúnebre.

A APDA está a estudar a melhor forma de resistir e nunca desistir, que poderá passar pelo possível recurso às vias judiciais.

A APDA está ainda receptiva a todas as sugestões que nos queiram fazer chegar.