Recordo-me, na primeira reunião oficial da Associação Portuguesa de Defesa do Adepto, de mencionar que a nossa constituição e actuação fazia de tal forma sentido, que feliz ou infelizmente, a própria conjuntura que rodeia a realidade dos adeptos nos iria, com muita frequência, trazer questões pertinentes para nos debruçarmos.
Hoje, dia 20 de Outubro, quinta-feira, foi dia de escrever sobre um episódio passado no Estádio de Alvalade na passada terça-feira, onde decorreu o Sporting Clube de Portugal vs Borussia de Dortmund, para a Liga dos Campeões.
Antes de discorrer alguns pensamentos e propor algumas reflexões, proponho apenas que o façamos sem tomadas de posição acerca da temática, pois estamos perante um tema complexo e que merecerá futuramente a nossa atenção.
A pirotecnia é um assunto que se encontra legislado, e por isso merece uma breve exposição.
Regra geral, a posse, transporte, transferência ou a mera guarda de Artigos de Pirotecnia é considerada crime, e a moldura penal aplicável pode ir até aos quatro anos de prisão.
No entanto, se a utilização de material pirotécnico se verificar dentro de um recinto desportivo, estaremos perante uma contra-ordenação que pode implicar um pagamento até 100.000€.
Mas dentro de um estádio, a utilização de pirotecnia, regra geral é apenas contra-ordenação? Confusos? Nós por aqui também.
Leis à parte, e porque este é um mero artigo de opinião, vamos apenas debruçarmo-nos nos factos ocorridos terça-feira em Lisboa.
Viajaram os adeptos do Dortmund alguns milhares de kilómetros trazendo consigo garra, amor ao clube, vontade e fé na vitória. E… Pirotecnia!
Curiosamente o uso dos engenhos pirotécnicos no recinto desportivo do Campo Grande, só foi notado pela quantidade de belas fotos que circulavam nos meios de comunicação social e redes sociais no dia seguinte.
Não foi difundida nenhuma notícia onde se questionasse como terá sido possível a pirotecnia escapar ao apertado controlo policial. Ou, que os agentes que assim procederam iriam ser alvo da aplicação de algum tipo de contraordenação. Ou que eram perigosos adeptos e que já existia eventualmente polícia no seu encalço.
Situação bem diferente do que habitualmente acontece quando tais actos são practicados por adeptos portugueses, em jogos da Primeira Liga.
Este breve comentário termina, apelando ao leitor uma resposta. Pirotecnia, se for escrito em alemão… Não é censurável?
Martha Gens, Associada nº 1